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9

9/10

RÁDIO PIRATA

ANO

GÊNERO

BANDA

SUPER RESENHA

Eu não estaria exagerando ao dizer que o RPM, nos anos 85-86, foi a coisa mais próxima da Beatlemania que tivemos no Brasil. Todo mundo gostava deles, todo mundo tinha os discos deles. “Rádio Pirata Ao Vivo” vendeu mais de 3,7 milhões de cópias, obrigando a gravadora a destinar uma fábrica de discos inteira somente para sua produção. Lá em casa, nós tivemos o LP e a fita cassete, só para vocês terem ideia. No ano 2000, eu ganhei o CD e tenho também um DVD do show com algumas músicas que não entraram no disco (e fizeram falta, como “Juvenilia”), além do “Globo Repórter” com eles e outros extras interessantes que valem a pena conferir.

O RPM não pretendia lançar um disco ao vivo como o segundo da carreira. Eles tinham acabado de fazer um contrato com Manoel Poladian, grande empresário do showbiz brasileiro, e o show para promover o primeiro disco, Revoluções Por Minuto, foi produzido por Ney Matogrosso. Um show nunca visto no Brasil, com lasers, fumaça, cenografia e todo um mise em scene, lotando estádios e fazendo grande sucesso por onde passou. Acontece que, por ter somente um disco lançado até então, a banda resolveu colocar alguns covers no repertório, especialmente um de “London, London”, música do Caetano Veloso composta durante seu exílio na Inglaterra. Versões piratas (não autorizadas, gravadas clandestinamente durante os shows) desta música foram parar nas rádios e fizeram um enorme sucesso, criando um problema para a banda: não havia o disco com esta música para comprar. A solução foi gravar o show e lançá-lo.

O disco abre com “Revoluções por minuto”, música que dá nome à banda e ao primeiro disco dela, seguida por uma inédita “Alvorada voraz”, com um riff de teclados marcante e letra politizada. Vale lembrar que o Brasil estava saindo do período militar e, falar sobre isso abertamente era uma ousadia. Na sequência, vem “A cruz e a espada”, uma canção romântica (e que tem uma ótima versão com o Renato Russo feita bem depois) e outra inédita, “Naja”, outra ousadia do grupo em lançar uma faixa instrumental, o que não é comum para grupos de rock brasileiros até hoje. O lado A termina com “Olhar 43”, aquele assim, meio de lado, já saindo, indo embora… um hit até hoje. O lado B começa com “Estação no inferno”, também do primeiro disco, seguida por dois covers: “London, London” que eu já mencionei e a ótima versão para “Flores astrais”, dos Secos & Molhados. Eu curto demais o synth bass que o Luiz Schiavon faz nessa faixa. O disco termina com “Rádio Pirata”, que deu nome ao disco e à turnê, aqui numa versão com mais de 7 minutos que inclui uma citação à “Light my fire” dos Doors e a apresentação da banda.

Depois do sucesso com este disco, o RPM se perdeu em egos, brigas, drogas e falta de planejamento. Lançaram um single com Milton Nascimento em 1987 e terminaram a banda pela primeira vez. Voltaram em 1988, lançaram o “Quatro Coiotes”, venderam bem, mas terminaram de novo. E seguiram com idas e vindas até hoje. Eu tive a oportunidade de vê-los ao vivo em 2003 (turnê do especial MTV RPM 2002), no parque de exposições de Varginha/MG e foi muito legal. É uma pena que eles não tiveram inteligência emocional suficiente para permanecerem juntos. Paulo Ricardo fez um relativo sucesso como cantor romântico, mas foi só isso. Eu tenho certeza que o Rock Brasil ainda sente a falta do RPM ter sido ativo e atuante. Imagina o que eles teriam feito se tivessem continuado por todos estes anos?

SUPER DISCO

Sobre o autor

Fernando é farmacêutico, professor universitário e músico amador. Apaixonado por música desde que se entende por gente.

Mineiro de BH radicado em Natal/RN há 7 anos.

Para sacar suas aventuras musicais: youtube.com/fhanogueira

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